Divã

... Sei exatamente a normalidade da situação, do quanto todas as mães sentem, umas de forma mais intensa, outras de forma mais velada, a urgência de uma liberdade que sabemos irrecuperável. Tabalhamos, amamos, viajamos, vamos ao cinema, engordamos. Umas arquitetas, outras lavadeiras, umas obtetras, outras biscateiras, mas levamos gravado na testa, somo mães. Mulheres porém mães. Jovens porém mães. Solteiras porém mães. Eternamente mães.

... Haverá mãe no mundo que não tenha, por um segundo, desejado de volta aquele compromisso por vidas alheias, que não tenha pensado uma vez sequer nos caminhos que poderia percorrer caso não houvesse filhos pra monitorar?

... Como é que se pode amar um filho às cinco da tarde e às sete desejar estar sozinha, livre para escalar montanhas, viajar de cargueiro, fazer um curso em Florença? Como posso alcunhar a mim mesma o título de Mãe do Ano se meia hora atrás suspirei fundo antes de responder pro meu caçula que sim, iria levá-lo, e a mais colegas, ao clube domingo? Como posso amar e praguejar?

Trechos de Divã
Martha Medeiros


E Hoje me sinto exatamente assim!! Querendo viver a vida de quem não sou, criar novos sonhos, descobrir um novo eu.
Não ter compromisso nem comigo mesma... ser livre, sair sem rumo. E quando a saudade apertar, voltar pro meu ninho, pra um aconchego seguro.

É possivel ter tudo? Ou escolhemos um só caminho, que não lhe permite estar feliz com tudo?